quinta-feira, 3 de novembro de 2011

O que está acontecendo com o mundo?

Edmilson Marques

                Estamos assistindo atualmente a uma explosão de protestos e lutas espontâneas em todo o mundo. Os ideólogos admiram boquiabertos esses acontecimentos que fogem às suas explicações. Alguns arriscam alguns palpites com invencionices que beira a comicidade; outros (senão a maioria) dirigem à má gestão do estado ou de um determinado partido político a razão de ser do descontentamento da população. Mas isso nada mais é do que uma expressão da ideologia burguesa, de concepções que fogem da verdade, que criam ideias mirabolantes para não falar da verdadeira causa deste descontentamento que prevalece em todo o mundo. Mas porque fazem isso? Por uma causa simples e nobre: para não revelar seus privilégios e consequentemente, reproduzir seu status e tudo que deriva daí, sucesso, autoridade, dinheiro etc. Mas onde está o problema?
                O problema sempre foi e continuará sendo o modo de produção estabelecido no capitalismo. Desde a origem desta sociedade, a luta de classes e tudo que deriva daí, o conflito, o descontentamento, etc. é parte de sua essência. Em determinados períodos históricos esse descontentamento extrapola o controle dos capachos da burguesia, e se transforma em uma luta aberta, clara e visível.
              O que ocorre é que a burguesia, com sua vontade encarniçada e desesperada em busca do lucro, submete um punhado de pessoas aos seus interesses, à exploração. Essas são tratadas como marionetes, como coisas, com um único propósito, proporcionar a ele (ao burguês) o lucro suficiente para manter a sua paz, o gozo de todos os privilégios que o dinheiro consequente da exploração lhe proporciona. Acontece que as pessoas submetidas a estes ditames dos capitalistas não são espantalhos que podem ser manipulados conforme a vontade daquele que busca proteger sua propriedade. As pessoas sentem, pensam, e respondem à opressão que sofrem. Os capitalistas podem, por um determinado tempo, lhe pautar da liberdade, mas não podem retirar delas o sentimento; até criam estratégias para amenizar o seu descontentamento mas isso tem duração limitada, que logo é superado no processo de desenvolvimento da luta de classes.
                Esse descontentamento expressado pelos oprimidos e explorados segue o capitalismo desde a sua origem, e caminhará junto a ele, até que os descontentamentos individuais se tornem unidos, e marchem coletivamente na busca de sua superação, até o fim do capitalismo. As tentativas para isso vêm ocorrendo a séculos. Os capitalistas assistem assustados à investida das classes exploradas, o estado "ainda" vem conseguido controla-los. Acontece que a força da paixão acessa nas pessoas que constituem estas classes em busca da liberdade, lhes torna cega, na luta direta, à consequência da opressão burguesa e estatal, e o triunfo de sua libertação se torna o seu alvo e objetivo. Por isso os protestos vêm se ampliando e tornando cada vez mais intensos. Quando na luta aberta, o medo dá lugar à coragem, a um impulso que leva o indivíduo a agir por si mesmo, sem uma orientação prévia, sem que ninguém lhe diga o que deve ser feito. Naquele momento sabe muito bem porque luta, o que busca, o que deve fazer, e quem é seu inimigo e amigo de luta.
                Não há espanto nem mesmo surpresa em torno dos protestos que vem estourando em todo o mundo. São expressões do descontentamento existente com a sociedade capitalista, que neste momento vem se tornando em luta aberta e ampla; é mais uma investida das classes oprimidas e exploradas sobre a classe opressora exploradora. Por mais que o estado esforce para controlar e acabar com estas revoltas e protestos, não conseguirá extingui-lo, a não ser que tome a decisão de abolir a si mesmo e à burguesia, os reprodutores e criadores desta sociedade, respectivamente. Mas sabemos muito bem que não fará isso. Neste caso, a luta continuará até o dia em que sejam abolidos. E esta abolição será obra única e exclusiva de quem sente na carne, no dia-a-dia, as consequências da exploração e opressão, as classes exploradas.
                A conclusão que podemos tirar a respeitos de todos estes protestos existentes atualmente, é que as classes exploradas estão superando as limitações que a burguesia impôs à sua consciência. As relações de opressão e exploração estão se revelando, e como consequência, as ações efetivas para sua abolição se multiplicando. A crença de que a vida no capitalismo pode algum dia ser desprovida de sofrimentos e descontentamentos, está sendo superada, e sendo substituída pela crença de que a única solução é a edificação de uma nova sociedade; onde as relações de exploração e opressão, enfim, a luta de classes seja inexistente e a liberdade desfrutada e parte do cotidiano de todos; esta crença está se erguendo em um ritmo acelerado e superando todas as ilusões e fantasias criadas pelos ideólogos.
                Para aqueles que desprezam o processo histórico de desenvolvimento da história humana, que acham impossível o fim do capitalismo, não se assustem quando estas lutas tomarem uma amplitude generalizada, explodirem em todo mundo e iniciarem o processo de transformação social. Esta é a tendência destes protestos. Vão se tornar cada vez mais radicais e com proporções cada vez maiores, até que desemboque no grito final, que anunciará o alvorecer de uma nova sociedade, criada, pensada e construída por aqueles que atuaram na luta; por aqueles que cotidianamente são oprimidos e explorados; aqueles que sabem muito bem o objetivo que querem atingir; aqueles que sabem que com suas mão, e apenas com suas mãos, podem criar um novo mundo. O fim destes protestos, só é possível, com o fim do capitalismo e a edificação da sociedade gerida pelos próprios produtores.

Um comentário: