quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Revista Espaço Livre número 14



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Apresentação

Edmilson Marques

A Revista Espaço Livre chega à sua décima quarta edição trazendo neste número, um conjunto de textos que, de uma forma ou de outra, contribuem para avançar e aprofundar a teoria da sociedade. A teoria da sociedade é expressão da luta revolucionária do proletariado, e enquanto tal, é fruto do trabalho daqueles que buscam contribuir com a emancipação humana, que só é possível abolindo a sociedade de classes. Nesse sentido, é uma necessidade premente a crítica desapiedada do existente com o objetivo de revelar as determinações que resulta a sociedade atual, fundada em relações de exploração e opressão.
Enquanto a luta de classes permanece no patamar das lutas cotidianas, o trabalho intelectual que busca desenvolver uma teoria da sociedade exige um esforço difícil, já que pressupõe uma luta contra si mesmo, contra os valores burgueses que hegemonicamente influenciam a nossa formação. A história do capitalismo, no entanto, demonstra a existência de um conjunto de indivíduo que incansavelmente colocam a luta pela emancipação humana como o objetivo fundamental em suas vidas. Em sua maioria, compreendem que a transformação social só é possível a partir da luta revolucionária do proletariado, e que esta não é tarefa de partido.
É nesse sentido que caminha o texto de David Carneiro, “A Importância da Organização: Errico Malatesta e seu programa revolucionário”, com a proposta de apontar algumas teses do anarqruista italiano Errico Malatesta e demonstar o caráter libertário intrínseca em sua concepção. O autor aborda a questão da organização dos trabalhadores, o conceito de anarquia e outros aspectos da obra do referido autor que contribui com a luta proletária.
Com o título “Élisée Reclus e a Concepção do Estado: elementos de uma crítica multideterminante”, João Gabriel da Fonseca Mateus apresenta uma proposta de “buscar um referencial eminentemente anarquista e revolucionário, com a preocupação de propor (além do que poderia trazer academicamente) uma militância libertária”. João Gabriel objetiva, portanto, analisar a obra de Élisée Reclus no sentido de verificar sua contribuição para o que ele denomina de “anarquismo social”, com enfoque em sua concepção de Estado.
O terceiro texto desta coletânea é de autoria de Lucas Maia que apresenta como proposta analisar “A Produção da Ideologia e a Questão dos Valores”, sendo este o título da referida discussão. O objetivo do autor é discutir os processos de “interdependência entre ideologias e valores”, com a tese central de que “as ideologias, tanto ao serem produzidas quanto ao serem consumidas, são determinadas pelos valores dos indivíduos e grupos que a estão produzindo ou consumindo”.
Em seguida o leitor poderá acompanhar o debate realizado por Marlon Teixeira de Faria, através de seu artigo “Educação e Relações Sociais”. A proposta aqui é analisar o processo educacional, articulando análises de vários autores que dedicaram a pensar a educação. Entre os vários autores utilizados, os fundamentais nesta discussão para o autor foram Niskier (1992) e Viana (2004 e 2008). Uma das percepções do autor é que “o processo educacional carrega em seu bojo um alto grau de formação e condicionamento de indivíduos na sociedade”.
O texto de Nildo Viana trás o sugestivo título “Quem São os Invasores? A Crítica ao Macartismo em ‘Vampiros de Almas’”. Para Viana “os filmes de ficção científica que mostram alienígenas tomando conta de corpos humanos através de vagens tem toda uma história que remete ao tema do conformismo e do comunismo”, mas qual é “a mensagem que estes filmes repassam? Trata-se de temor da “ameaça comunista”? Trata-se de crítica ao conformismo da sociedade norte-americana? Ou é mera ficção sem nenhuma pretensão de repassar mensagens políticas ou sociais?”. São estas as questões que o autor buscará analisar em seu texto.
Esta edição da Revista Espaço Livre apresenta também um breve texto de Noam Chomsky, uma tradução realizada por Nildo Viana, em que Chomsky apresenta uma indispensável reflexão sobre o “Leninismo e o Capitalismo de Estado”. Viana observa que este texto se trata de um extrato de “Os Intelectuais e o Estado” (1977), publicado no livro Para uma Nova Guerra Fria (1982).
Para completar esta edição três obras são apresentadas respectivamente no tópico “resenhas” por Alan Ricardo Duarte Pereira, João Gabriel da Fonseca Mateus e Gilson Dantas. Com o título “Cinema e Marxismo: o materialismo histórico”, Alan Pereira apresenta analiticamente o livro A Concepção Materialista da História do Cinema de Nildo Viana. Em seguida o livro de Eliane Maria de Jesus, Educação e Capitalismo: para uma crítica a Paulo Freire, é analisado por João Gabriel Mateus e finalmente, Gilson Dantas sugere o livro A Sociedade Cancerígena de Genevieve Barbier e Armand Farrachi.
Enfim, reitero a necessidade da crítica desapiedada do existente, o meio fundamental para se contribuir com a emancipação humana. Este número da Espaço Livre cumpre com este papel. Boa leitura!

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