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Apresentação
Edmilson Marques
A Revista Espaço Livre chega à sua
décima quarta edição trazendo neste número, um conjunto de textos que, de uma
forma ou de outra, contribuem para avançar e aprofundar a teoria da sociedade. A
teoria da sociedade é expressão da luta revolucionária do proletariado, e
enquanto tal, é fruto do trabalho daqueles que buscam contribuir com a
emancipação humana, que só é possível abolindo a sociedade de classes. Nesse
sentido, é uma necessidade premente a crítica desapiedada do existente com o
objetivo de revelar as determinações que resulta a sociedade atual, fundada em
relações de exploração e opressão.
Enquanto a luta de classes permanece no
patamar das lutas cotidianas, o trabalho intelectual que busca desenvolver uma
teoria da sociedade exige um esforço difícil, já que pressupõe uma luta contra
si mesmo, contra os valores burgueses que hegemonicamente influenciam a nossa
formação. A história do capitalismo, no entanto, demonstra a existência de um
conjunto de indivíduo que incansavelmente colocam a luta pela emancipação
humana como o objetivo fundamental em suas vidas. Em sua maioria, compreendem
que a transformação social só é possível a partir da luta revolucionária do
proletariado, e que esta não é tarefa de partido.
É nesse sentido que caminha o texto de
David Carneiro, “A Importância da Organização: Errico Malatesta e seu programa
revolucionário”, com a proposta de apontar algumas teses do anarqruista
italiano Errico Malatesta e demonstar o caráter libertário intrínseca em sua
concepção. O autor aborda a questão da organização dos trabalhadores, o
conceito de anarquia e outros aspectos da obra do referido autor que contribui com
a luta proletária.
Com o título “Élisée Reclus e a
Concepção do Estado: elementos de uma crítica multideterminante”, João Gabriel
da Fonseca Mateus apresenta uma proposta de “buscar um
referencial eminentemente anarquista e revolucionário, com a preocupação de
propor (além do que poderia trazer academicamente) uma militância libertária”.
João Gabriel objetiva, portanto, analisar a obra de Élisée Reclus no sentido de
verificar sua contribuição para o que ele denomina de “anarquismo social”, com
enfoque em sua concepção de Estado.
O terceiro texto desta coletânea é de
autoria de Lucas Maia que apresenta como proposta analisar “A Produção da
Ideologia e a Questão dos Valores”, sendo este o título da referida discussão.
O objetivo do autor é discutir os processos de “interdependência entre
ideologias e valores”, com a tese central de que “as ideologias, tanto ao serem
produzidas quanto ao serem consumidas, são determinadas pelos valores dos
indivíduos e grupos que a estão produzindo ou consumindo”.
Em seguida o leitor poderá acompanhar o
debate realizado por Marlon Teixeira de Faria, através de seu artigo “Educação
e Relações Sociais”. A proposta aqui é analisar o processo educacional,
articulando análises de vários autores que dedicaram a pensar a educação. Entre
os vários autores utilizados, os fundamentais nesta discussão para o autor
foram Niskier (1992) e Viana (2004 e 2008). Uma das percepções do autor é que “o
processo educacional carrega em seu bojo um alto grau de formação e
condicionamento de indivíduos na sociedade”.
O texto de Nildo Viana trás o sugestivo
título “Quem São os Invasores? A Crítica ao Macartismo em ‘Vampiros de Almas’”.
Para Viana “os filmes de ficção científica que mostram alienígenas tomando
conta de corpos humanos através de vagens tem toda uma história que remete ao
tema do conformismo e do comunismo”, mas qual é “a mensagem que estes filmes
repassam? Trata-se de temor da “ameaça comunista”? Trata-se de crítica ao
conformismo da sociedade norte-americana? Ou é mera ficção sem nenhuma
pretensão de repassar mensagens políticas ou sociais?”. São estas as questões
que o autor buscará analisar em seu texto.
Esta edição da Revista Espaço Livre
apresenta também um breve texto de Noam Chomsky, uma tradução realizada por
Nildo Viana, em que Chomsky apresenta uma indispensável reflexão sobre o
“Leninismo e o Capitalismo de Estado”. Viana observa que este texto se trata de
um extrato de “Os Intelectuais e o Estado” (1977), publicado no livro Para uma
Nova Guerra Fria (1982).
Para completar esta edição três obras
são apresentadas respectivamente no tópico “resenhas” por
Alan Ricardo
Duarte Pereira, João Gabriel da Fonseca Mateus e Gilson Dantas. Com o título
“Cinema e Marxismo: o materialismo histórico”, Alan Pereira apresenta
analiticamente o livro A Concepção
Materialista da História do Cinema de Nildo Viana. Em seguida o livro de
Eliane Maria de Jesus, Educação e
Capitalismo: para uma crítica a Paulo Freire, é analisado por João Gabriel
Mateus e finalmente, Gilson Dantas sugere o livro A Sociedade Cancerígena de Genevieve Barbier e Armand Farrachi.
Enfim, reitero a necessidade da crítica
desapiedada do existente, o meio fundamental para se contribuir com a
emancipação humana. Este número da Espaço Livre cumpre com este papel. Boa
leitura!
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